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segunda-feira, 1 de abril de 2013

Lendas dos Orixás: Exu

fonte:ufanisi.blogspot.
Depois de "namorar" por muito tempo o livro "Mitologia dos Orixás", acabei comprando-o semana passada.
Estou saboreando aos poucos e aprendendo um pouco mais sobre este fascinante tema: Os Orixás.
Certa vez vi um documentário na Tv Cultura, com Reginaldo Prandi, autor deste e de outros livros sobre orixás e candomblé, e logo vi que seu trabalho é sério, procurando trazer à luz do grande público através de suas pesquisas e estudos, informações valiosas sobre os orixás e o povo de santo, e desde então tive vontade de ler algum livro de sua autoria.
Comprei este primeiro e acertei em cheio. O livro é muito bom, rico em todos os sentidos.

Bom, respeitando a ordem do xiré, vou partilhar aqui uma lenda de Exu, que segundo consta é sempre o primeiro a ser convocado.
No transcorrer dos dias vou postando uma lenda de cada um dos orixás.
Axé!

EXU TORNA-SE O AMIGO PREDILETO DE ORUNMILÁ
Exu by Carybé

Como se explica a grande amizade entre Orunmilá e Exu, visto que eles são opostos em grandes aspectos ?
Orunmilá, filho mais velho de Olorum, foi quem trouxe aos humanos o conhecimento do destino pelos búzios. Exu, pelo contrario, sempre se esforçou para criar mal-entendidos e rupturas, tanto aos humanos como aos Orixás. Orunmilá era calmo e Exu, quente como o fogo.
Mediante o uso de conchas adivinhas, Orunmilá revelava aos homens as intenções do supremo deus Olorum e os significados do destino. Orunmilá aplainava os caminhos para os humanos, enquanto Exu os emboscava na estrada e fazia incertas todas as coisas. O caráter de Orunmilá era o destino, o de Exu, era o acidente. Mesmo assim ficaram amigos íntimos.
Uma vez, Orunmilá viajou com alguns acompanhantes. Os homens de seu séquito não levavam nada, mas Orunmilá portava uma sacola na qual guardava o tabuleiro e os obis que usava para ler o futuro.
Mas na comitiva de Orunmilá muitos tinham inveja dele e desejavam apoderar-se de sua sacola de adivinhação. Um deles mostrando-se muito gentil, ofereceu-se para carregar a sacola de Orunmilá. Um outro também se dispôs à mesma tarefa e eles discutiram sobre quem deveria carregar a tal sacola.
Até que Orunmilá encerrou o assunto dizendo: "Eu não estou cansado. Eu mesmo carrego a sacola".
Quando Orunmilá chegou em casa, refletiu sobre o incidente e quis saber quem realmente agira como um amigo de fato. Pensou então num plano para descobrir os falsos amigos. Enviou mensagens com a notícia de que havia morrido e escondeu-se atrás da casa, onde não podia ser visto. E lá Orunmilá esperou.
Depois de um tempo, um de seus acompanhantes veio expressar seu pesar. O homem lamentou o acontecido, dizendo ter sido um grande amigo de Orunmilá e que muitas vezes o ajudara com dinheiro. Disse ainda que, por gratidão, Orunmilá lhe teria deixado seus instrumentos de adivinhar.
A esposa de Orunmilá pareceu compreende-lo, mas disse que a sacola havia desaparecido. E o homem foi embora frustrado.
Outro homem veio chorando, com artimanha pediu a mesma coisa e também foi embora desapontado. E assim, todos os que vieram fizeram o mesmo pedido. Até que Exu chegou.
Exu também lamentou profundamente a morte do suposto amigo. Mas disse que a tristeza maior seria da esposa, que não teria mais pra quem cozinhar. Ela concordou e perguntou se Orunmila não lhe devia nada. Exu disse que não. A esposa de Orunmilá persistiu, perguntando se Exu não queria a parafernália de adivinhação.
Exu negou outra vez. Aí Orunmilá entrou na sala, dizendo: "Exu, tu és sim meu verdadeiro amigo!"
Depois disso nunca teve amigos tão íntimos, tão íntimos como Exu e Orunmilá.

Fonte da imagem:http://cpcy.pt/site/e%E1%B9%A3u-exu/

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