Há 45 anos, os Beatles estenderam a passadeira para a fama
por Anna Pimentel
Londres, 8 de agosto de 1969. Iain Macmillan foi o fotógrafo escolhido para fazer a capa que imortalizou o último álbum gravado pelos Beatles, Abbey Road, com John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr a atravessarem a mítica passadeira londrina, por volta das 11h30.
Here comes the sun, uma das canções do disco, composta por Harrison, pode ser a banda sonora escolhida para este tema. Consta que foi uma sexta-feira quente, aquela em que o fotógrafo amigo de John Lennon e de Yoko Ono registou o momento em que a banda se despediu dos álbuns. Iain Macmillan teve dez minutos para conseguir concretizar a fotografia.
Na altura, ainda não se sabia que Abbey Road seria o último álbum a ser gravado pela banda britânica, a quem se devem clássicos como Let it Be, All My Loving ouYesterday. Mas a especulação sobre se os membros saberiam desta hipótese existe. Poucas semanas depois, John Lennon informou os outros membros da banda, que iria sair.
Iain Macmillan tirou seis fotografias. Em quatro, Paul McCartney atravessou a passadeira descalço. Noutras duas, usou sandálias. Das seis imagens que Macmillan captou na manhã de 8 de agosto, o ícone dos Beatles escolheu a quinta, a única em que os quatros membros da banda andavam sincronizados. Material utilizado: uma máquina Hasselblad com uma lente grande angular de 50 milímetros, diafragma fechado a 22 e tempo de exposição de 1/500 segundos.
Mais de 20 mil euros por uma imagem dos Beatles em Abbey Road
Linda McCartney, mulher de Paul McCartney, tirou várias fotografias durante a sessão, que contou com a colaboração da polícia britânica para parar o trânsito em Abbey Road. Em maio de 2012, uma das fotografias da sessão fotográfica de Iain Macmillan foi vendida num leilão, em Londres, por cerca de 20,15 mil euros.
A passadeira atravessada pelos quatro membros da banda já foi considerada Patrimônio Histórico de Londres e não faltam mitos e curiosidades associados à capa de Abbey Road. O próprio título do disco resultou de uma decisão de última hora. Esteve para se chamar Everest, em homenagem aos cigarros que o técnico de som Geoff Emerick fumava.
No pacote do maço de cigarros estava desenhada a silhueta da montanha mais elevada do Mundo e os Beatles chegaram mesmo a planear alugar um jacto particular para viajar até ao Everest e fazer a imagem da capa no local. Foi Paul McCartney que sugeriu que a fotografia fosse feita na rua onde estavam a gravar o disco, onde se situam os Abbey Road Studios, e que o álbum adotasse o nome da via do noroeste londrino, em St. John’s Wood.
A capa de Abbey Road sustentou a teoria de que Paul McCartney estava morto e que os Beatles tinham-no substituído por um sósia.
A capa do disco, que embora tenha sido o último a ser gravado pelos Beatles antecedeu o lançamento de Let It Be, alimentou o mito e a tese da conspiração sobre a suposta morte de Paul McCartney. A imagem, em que aparece descalço, serviu de base para alimentar a teoria de que Paul tinha falecido num acidente de viação em 1966 e sido secretamente substituído por um sósia.
A capa do álbum, de acordo com os teóricos, representaria o funeral de Paul McCartney: John Lennon, vestido de branco, simbolizava o padre, Ringo Starr, vestido de preto, simbolizava o enlutado, George Harrison, o coveiro e Paul, descalço, o cadáver. Depois de o álbum ter sido lançado, a matrícula do Volkswagen Beetle branco, que aparece à esquerda na imagem, foi roubada. Em 1986, o carro foi leiloado por 3.186 euros e, desde 2001, está em exibição num museu alemão.
Fonte: http://observador.pt/2014/08/08/beatles-ha-45-anos-em-abbey-road/
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