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segunda-feira, 15 de abril de 2013

Lendas dos Orixás: Oiá - Iansã


OIÁ RECEBE O NOME DE IANSÃ, MÃE DOS NOVE FILHOS
Oiá desejava ter filhos,
mas não podia conceber.
Oiá foi consultar um babalaô
e ele mandou que ela fizesse um ebó.
Ela deveria oferecer um carneiro, um agutã(*),
muitos búzios e muitas roupas coloridas.
Oiá fez o sacrifício e teve nove filhos.
Quando ela passava, indo em direção ao mercado, o povo dizia:
"Lá vai Iansã.
Lá ia Iansã, que quer dizer mãe nove vezes.
E lá ia ela orgulhosa ao mercado vender azeite de dendê.
Oiá não podia ter filhos,
mas teve nove,
depois de sacrificar um carneiro.
Em sinal de respeito,
por ter seu pedido atendido,
Iansã, a mãe dos nove filhos, nunca mais comeu carneiro.


(*) agutã = carneiro, ovelha



OÍA GANHA DE OBALUAÊ O REINO DOS MORTOS
Iansã (imagem descolorida por mim)
Imagem original por Davi Nascimento

Certa vez houve uma festa com todas as divindades presentes.
Omulu-Obaluaê chegou vestindo seu capucho de palha. 
Ninguém o podia reconhecer sob o disfarce
e nenhuma mulher quis dançar com ele.
Só Oiá, corajosa, atirou-se na dança com o Senhor da Terra. 
Tanto girava Oiá na sua dança que provocava vento.
E o vento de Oiá levantou as palhas e descobriu o corpo de Obaluaê. 
Para surpresa geral, era um belo homem. 
O povo o aclamou por sua beleza.
Obaluaê ficou mais do que contente com a festa, ficou grato. 
E, em recompensa, dividiu com ela o seu reino. 
Fez de Oiá a rainha dos espíritos dos mortos,
Rainha que é Oiá Igbalé, a condutora dos eguns(*)
Oiá então dançou e dançou de alegria.
Para mostrar a todos seu poder sobre os mortos,
quando ela dança agora, agita no ar o iruquerê(**)
o espanta-mosca com que afasta os eguns para o outro mundo. 
Rainha Oiá Igbalé, a condutora dos espíritos. 
Rainha que foi sempre a grande paixão de Omulu.


(*) egum = antepassado, espírito de morto, o mesmo que egungum;
alguns orixás são eguns divinizados.
(**)iruquerê = espanta - mosca usado por Oiá e Oxóssi


Fonte: Mitologia dos Orixás - Reginaldo Prandi - Cia. das Letras

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Lendas dos Orixás: Obaluaê - Omulu - Xapanã - Sapatá


OMULU CURA TODOS DA PESTE E É CHAMADO OBALUAÊ
Omulu por Caybé

Quando Omulu era um menino de uns doze anos,
saiu de casa e foi para o mundo fazer a vida.
De cidade em cidade, de vila em vila,
ele ia oferecendo seus serviços,
procurando emprego.
Mas Omulu não conseguia nada.
Ninguém lhe dava o que fazer, ninguém o empregava.
E ele teve que pedir esmola,
mas ao menino ninguém dava nada,
nem do que comer, nem do que beber.
Tinha um cachorro que o acompanhava e só.
Omulu e seu cachorro retiraram-se no mato
e foram viver com as cobras.
Omulu comia o que a mata dava:
frutas, folhas, raízes.
Mas os espinhos da floresta feriam o menino.
As picadas de mosquito cobriam-lhe o corpo.
Omulu ficou coberto de chagas.
Só o cachorro confortava Omulu,
lambendo-lhe as feridas.
Um dia, quando dormia, Omulu escutou uma voz:
"Estás pronto. Levanta e vai cuidar do povo".
Omulu viu que todas as feridas estavam cicatrizadas.
Não tinha dores nem febre.
Obaluaê juntou as cabacinhas, os atós(*),
onde guardava água e remédios
que aprendera a usar com a floresta,
agradeceu a Olorum e partiu.

Naquele tempo uma peste infestava a Terra.
Por todo lado estava morrendo gente.
Todas as aldeias enterravam os seus mortos.
Os pais de Omulu foram ao babalaô
e ele disse que Omulu estava vivo
e que ele traria a cura para a peste.
Todo lugar aonde chegava, a fama precedia Omulu.
Todos esperavam-no com festa, pois ele curava.
Os que antes lhe negaram até mesmo água de beber
agora imploravam por sua cura.
Ele curava todos, afastava a peste.
Então dizia que se protegessem,
levando na mão uma folha de dracena, o peregum,
e pintando a cabeça com efum, ossum e uági(**),
os pós branco, vermelho e azul usados nos rituais e encantamentos.
Curava os doentes e com o xaxará varria a peste para fora da casa,
para que a praga não pegasse outras pessoas da família.
Limpava casas e aldeias com a mágica vassoura de fibras de coqueiro,
seu instrumento de cura, seu símbolo, seu cetro, o xaxará.

Quando chegou em casa, Omulu curou os pais
e todos estavam felizes.
Todos cantavam e louvavam o curandeiro
e todos o chamaram de Obaluaê,
todos davam vivas ao Senhor da Terra, Obaluaê.

(*) ató= pequena cabaça usada para guardar remédios, símbolo de Ossaim e Omulu, orixás ligados à cura.
(**)ossum e uági = pó vermelho e azul respectivamente

Fonte: Mitologia dos Oixás - Reginaldo Prandi - Cia. das Letras
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