NANÃ FORNECE A LAMA PARA A MODELAGEM DO HOMEM
Nanã Buruquê |
de fazer o mundo e modelar o ser humano,
o orixá tentou vários caminhos.
Tentou fazer o homem de ar, como ele.
Não deu certo, pois o homem logo se desvaneceu.
Tentou fazer de pau, mas a criatura ficou dura.
De pedra ainda a tentativa foi pior.
Fez de fogo e o homem se consumiu.
Tentou azeite, água e até vinho de palma, e nada.
Foi então que Nanã Burucu veio em seu socorro.
Apontou para o fundo do lago com seu ibiri (*), seu cetro e arma,
e de lá retirou uma porção de lama.
Nanã deu a porção de lama a Oxalá,
o barro do fundo da lagoa onde morava ela,
a lama sob as águas, que é Nanã.
Oxalá criou o homem, o modelou no barro.
Com o sopro de Olorum ele caminhou.
Com ajuda dos orixás povoou a Terra.
Mas tem um dia que o homem morre
e seu corpo tem que retornar à terra,
voltar à natureza de Nanã Burucu.
Nanã deu a matéria no começo
mas quer de volta no final tudo o que é seu.
(*) ibiri: cetro ritual de Nanã em forma de jota
NANÃ ESCONDE O FILHO FEIO E EXIBE O FILHO BELO
Conta-se que Nanã teve dois filhos.
Oxumarê era o filho belo e Omulu, o filho feio.
Nanã tinha pena do filho feio
e cobriu Omulu com palhas, para que ninguém o visse
e para que ninguém zombasse dele.
Mas Oxumarê era belo,
tinha a beleza do homem
e tinha a beleza da mulher.
Tinha a beleza de todas as cores.
Nanã o levantou bem alto no céu
para que todos admirassem sua beleza.
Pregou o filho no céu com todas as suas cores
e o deixou lá para encantar a Terra para sempre.
E lá ficou Oxumarê, à vista de todos.
Pode ser admirado em seu esplendor de cores,
sempre que a chuva traz o arco-íris.
sempre que a chuva traz o arco-íris.
Fonte: Mitologia dos Orixás - Reginald Prandi - Companhia das Letras
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