OIÁ RECEBE O NOME DE IANSÃ, MÃE DOS NOVE FILHOS
mas não podia conceber.
Oiá foi consultar um babalaô
e ele mandou que ela fizesse um ebó.
Ela deveria oferecer um carneiro, um agutã(*),
muitos búzios e muitas roupas coloridas.
Oiá fez o sacrifício e teve nove filhos.
Quando ela passava, indo em direção ao mercado, o povo dizia:
"Lá vai Iansã.
Lá ia Iansã, que quer dizer mãe nove vezes.
E lá ia ela orgulhosa ao mercado vender azeite de dendê.
Oiá não podia ter filhos,
mas teve nove,
depois de sacrificar um carneiro.
Em sinal de respeito,
por ter seu pedido atendido,
Iansã, a mãe dos nove filhos, nunca mais comeu carneiro.
(*) agutã = carneiro, ovelha
Certa vez houve uma festa com todas as divindades presentes.
OÍA GANHA DE OBALUAÊ O REINO DOS MORTOS
Iansã (imagem descolorida por mim) Imagem original por Davi Nascimento |
Omulu-Obaluaê chegou vestindo seu capucho de palha.
Ninguém o podia reconhecer sob o disfarce
e nenhuma mulher quis dançar com ele.
Só Oiá, corajosa, atirou-se na dança com o Senhor da Terra.
Tanto girava Oiá na sua dança que provocava vento.
E o vento de Oiá levantou as palhas e descobriu o corpo de Obaluaê.
Para surpresa geral, era um belo homem.
O povo o aclamou por sua beleza.
Obaluaê ficou mais do que contente com a festa, ficou grato.
E, em recompensa, dividiu com ela o seu reino.
Fez de Oiá a rainha dos espíritos dos mortos,
Rainha que é Oiá Igbalé, a condutora dos eguns(*).
Oiá então dançou e dançou de alegria.
Para mostrar a todos seu poder sobre os mortos,
quando ela dança agora, agita no ar o iruquerê(**),
o espanta-mosca com que afasta os eguns para o outro mundo.
Rainha Oiá Igbalé, a condutora dos espíritos.
Rainha que foi sempre a grande paixão de Omulu.
(*) egum = antepassado, espírito de morto, o mesmo que egungum;
alguns orixás são eguns divinizados.
(**)iruquerê = espanta - mosca usado por Oiá e Oxóssi
Fonte: Mitologia dos Orixás - Reginaldo Prandi - Cia. das Letras
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