quinta-feira, 26 de junho de 2014

Beleza por detrás do concreto

Às vezes estamos tão acostumados com a paisagem local que acabamos por deixar de observar e admirar certas coisas tão óbvias.
No centro da cidade, num de seus muitos edifícios, há um deles que se destaca pela beleza de sua fachada e pela imponência de duas figuras indígenas.
Quem é aqui de BH sabe que estou falando do Edifício Acaiaca.
Dele, guardo algumas memórias dos tempos de criança.
O consultório do nosso dentista ficava lá, mais exatamente no 25º andar.
Confesso que além do "medo" natural de enfrentar o dentista, havia também um certo mal estar, devido ao elevador que, quando parava em cada andar, fazia um movimento como se estivéssemos sendo puxados para baixo.
Hum ... dava um friozinho na barriga.
Lembro-me ainda que apesar do medo, gostava de ir até lá para admirar estas belas figuras.
Ficava eu imaginado quem seriam elas e porque estariam ali. Guardiões de nossa cidade? Quem sabe!
Quando o edifício passou por um processo de limpeza, foi possível observar os detalhes das expressões faciais destes totens, o que só fez aumentar minha admiração por eles.
Anos depois, o consultório mudou de lugar e o que restou para fazer no Acaiaca, era ir ao cinema, que hoje em dia já não existe mais.
Apesar de atualmente ele estar precisando de várias reformas, ainda vale a pena escolher um andar qualquer, de preferência um dos mais altos, para dar uma olhada em nossa cidade...antes de um mar de montanhas, agora um mar de concreto, "coisas da evolução".
Segue abaixo a história deste, que já foi o edifício mais alto da cidade, com direito até a abrigo antiaéreo.
Confira!

Edifício Acaiaca, marco da arquitetura da capital e palco de muitas histórias


Do alto do Edifício Acaiaca, situado na avenida Afonso Pena, entre as ruas Espírito Santo e Tamoios, no Centro de Belo Horizonte, é possível ver quase toda a cidade. É o prédio mais alto de BH, com 120 metros de altura e 30 andares. Inaugurado em 1943, o Acaiaca foi projetado em formas geométricas pontiagudas e angulares, estilo art déco, e possui duas faces de índios na fachada, esculpidas pelo engenheiro Luiz Pinto Coelho. Palco de muitas histórias, o edifício já abrigou cinema, lojas de roupas femininas, boate, escola e serviu de também como espaço para a criação de grupos políticos. Hoje o local reúne escritórios de advocacia e de odontologia. O porão, atualmente usado apenas para carga e descarga, serviu como abrigo antiaéreo, já que a ideia era se defender de um suposto ataque alemão à cidade, uma vez que o edifício foi construído durante a Segunda Guerra Mundial. 

João Alves é um dos mais antigos funcionários do Acaiaca, ao qual dedicou mais de quatro décadas em diversas funções. João começou como faxineiro e hoje é ascensorista. Ele lembra a época em que o edifício abrigava a TV Itacolomi, na década de 1960, quando o edifício reunia muitos artistas e curiosos. “Naquele tempo o Acaiaca também tinha uma boate que era frequentada, principalmente, pela alta sociedade e pela classe política”, conta. Otacílio Negrão de Lima, então prefeito da capital, era presença confirmada em quase todas as noites. Existia também o Cinema Acaiaca, que tinha capacidade para 900 pessoas, e para o qual se formavam grandes filas de espectadores. No espaço que abrigava o antigo cinema, hoje funciona uma igreja evangélica.

O edifício também foi palco de acontecimentos políticos como o que foi registrado no 11º andar, onde surgiu os Novos Inconfidentes, grupo empresarial que se reunia para planejar um golpe de estado. O objetivo era acabar com a ameaça comunista que, segundo eles, estava próxima. No mesmo andar, funcionava o Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem. Além disso, a sede mineira do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) também funcionaram no Acaiaca, o que tornava o prédio um pólo de cultura.

Lenda indígena

Próximo ao Arraial do Tejuco, hoje cidade de Diamantina, havia uma poderosa tribo de índios que vivia em constante luta com os tejuquenses e, inclusive, invadiam o arraial em alguns momentos. No local havia um grande cedro que os índios, na sua língua, chamavam de “Acaiaca”. Contavam eles que, no começo do mundo, o rio Jequitinhonha e seus afluentes encheram-se tanto que transbordaram, inundando tudo. Os montes e as árvores mais altas ficaram cobertas e todos os índios morreram. Somente um casal escapou, subindo na Acaiaca. Quando as águas baixaram, eles desceram e começaram a povoar a terra de novo. Os índios tinham, portanto, grande veneração por essa árvore e acreditavam que se ela desaparecesse, a tribo também teria o mesmo fim. 

Os portugueses que habitavam o arraial, conhecedores daquela crença, esperavam uma oportunidade para derrubar a Acaiaca. No dia do casamento da índia Cajubi, enquanto os índios dançavam em comemoração, os portugueses derrubavam a árvore a golpes de machado. Quando os índios viram cair por terra a árvore sagrada, ficaram aterrorizados. Pouco tempo depois da morte da Acaiaca surgiu uma grande desavença entre o cacique da tribo e os principais guerreiros. A desarmonia entre eles terminou em uma luta com muitas mortes. No dia seguinte, os tejuquenses não encontraram o menor sinal da Acaiaca. Diz a lenda que foi a partir dessa noite que os garimpeiros começaram a encontrar diamantes, que surgiram dos carvões e das cinzas daquela árvore sagrada.

Mais imagens em
http://www.panoramio.com/photo/38887371

Fontes texto e imagens:
http://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ecp/noticia.do?evento=portlet&pAc=not&idConteudo=106657&pIdPlc=&app=salanoticias

http://vejabh.wordpress.com/2010/09/20/ed-acaiaca/

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