sexta-feira, 3 de maio de 2013

Lendas dos Orixás: Oxalá - Obatalá - Orixanlá - Oxalufã(*)

ORIXANLÁ CRIA A TERRA
Oxalá por Carybé
No começo, o mundo era todo pantanoso e cheio d’água,
um lugar inóspito, sem nenhuma serventia.
Acima dele havia o Céu, onde viviam Olorum e todos os orixás,
que ás vezes desciam para brincar nos pântanos insalubres.
Desciam por meio de teias de aranha penduradas no vazio.
Ainda não havia terra firme, nem o homem existia.
Um dia Olorum chamou à sua presença Orixanlá, o Grande Orixá.
Disse-lhe que queria criar terra firme lá embaixo
e pediu-lhe que realizasse tal tarefa.
Para a missão, deu-lhe uma concha marinha com terra,
uma pomba e uma galinha com pés de cinco dedos .
Orixanlá desceu ao pântano e depositou a terra da concha.
Sobre a terra pôs a pomba e a galinha
e ambas começaram a ciscar.
Foram assim espalhando a terra que viera na concha
até que terra firme se formou por toda parte.
Orixanlá voltou a Olorum e relatou-lhe o sucedido.
Olorum enviou um camaleão para inspecionar a obra de Oxalá
e ele não pôde andar sobre o solo que ainda não era firme.
O camaleão voltou dizendo que a Terra era ampla,
mas ainda não suficientemente seca.
Numa segunda viagem o camaleão trouxe a notícia
de que a terra era ampla e suficientemente sólida,
podendo-se agora viver em sua superfície.
O lugar mais tarde foi chamado de Ifé, que quer dizer ampla morada.
Depois Olorum mandou Orixanlá de volta à Terra
para plantar árvores e dar alimentos e riquezas ao homem.
E veio a chuva para regar as árvores.
Foi assim que tudo começou.
Foi ali, em Ifé, durante uma semana de quatro dias(**),
que Orixá Nlá criou o mundo e tudo o que existe nele.

(**) A semana iorubá tem quatro dias. 
A cidade de Ifé é considerada pelos
 iorubás o berço da humanidade.


OXALÁ CRIA A GALINHA D'ANGOLA(***) E ESPANTA A MORTE
fonte da imagem:silnunesprof.blogspot.com.br

Há muito tempo, a Morte instalou-se numa cidade
e dali não quis mais ir embora.
A mortandade que ela provocava era sem tamanho
e todas as pessoas do lugar estavam apavoradas.
A cada instante tombava mais um morto.
Para a Morte não fazia diferença alguma
se o defunto fosse homem ou mulher,
se o falecido fosse velho, adulto ou criança.
A população, desesperada e impotente, recorreu a Oxalá,
rogando-lhe que ajudasse o povo daquela infeliz cidade.
Oxalá, então, mandou que fizessem oferendas,
que ofertassem uma galinha preta e o pó de giz efum.
Fizeram tudo como ordenava Oxalá.
Com o efum pintaram as pontas das penas da galinha preta
e em seguida a soltaram no mercado.
Quando a Morte viu aquele estranho bicho,
assustou-se e imediatamente foi-se embora,
deixando em paz o povo daquela cidade.
Foi assim que Oxalá fez surgir a galinha d'angola.
Desde então, as iaôs, sacerdotisas dos orixás, são pintadas como ela
para que todos se lembrem da sabedoria de Oxalá
e da sua compaixão.

Iaôs por Carybé

(***) Referência ao rito conhecido no candomblé como "saída de iaô", quando o iniciado é apresentado à comunidade com o corpo pintado de pequenos círculos brancos feitos de efum e usando na cabeça a pena ecodidé; em homenagem a Oxalá.

(*)Oxalá = Grande Orixá; outro nome para Obatalá; nome preferencial de Obatalá no Brasil.

(*)Obatalá = literalmente, Rei do Pano Branco; orixá da Criação; criador do homem; considerado o maior dos orixás.

(*)Orixalá = Orixá Nlá, o grande orixá; outro nome para Oxalá. Forma pela qual Oxalá ou Orixanlá é referido na nação nagô do xangô pernambucano.    

(*) Oxalufã = Oxalá velho; nome pelo qual Obatalá é referido no Brasil.


Fonte: Mitologia dos Orixás - Reginaldo Prandi - Cia. das Letras

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